segunda-feira, 30 de março de 2009

Síndrome de Münchhausen

Verdade e mentira, ao contrário do que se pensa normalmente, estão ligadas de forma muito íntima, na medida em que a mentira é afirmar como verdadeiro aquilo que se sabe falso. A necessidade diuturna de se vender uma imagem socialmente aceitável torna a mentira um instrumento corriqueiro. Diante da simples pergunta: “tudo bem?” tasca-se a primeira e mais curta mentira do dia – “tudo!”; Assim, a mentira configura-se um fenômeno de falseamento da verdade, de oposição à veracidade, um mecanismo de conveniência e convivência social, de estratégia de sucesso, enfim, é uma questão de sobrevivência do ser humano.
Muitas vezes levadas pela insegurança de serem aceitas tal como são, as pessoas caem na tentação de enriquecer suas histórias e enaltecer suas habilidades de forma a causar uma impressão mais favorável em outras pessoas. Além de atender diretamente às aspirações próprias, a mentira satisfaz também interesses de maneira indireta. Mentir é um recurso fácil de se recorrer, sem necessidade de passar por esforços ou penúrias, ainda que haja o permanente risco de ser descoberto.
O hábito arraigado de mentir constantemente pode refletir um transtorno da personalidade chamado de pseudologia fantástica, que seria caracterizado por uma compulsão a fantasiar uma vida fictícia para causar grande mobilização e perplexidade em outras pessoas, isso também é conhecido como Síndrome de Münchhausen.
Um enganador conta com o inverossímil para manter sua farsa e precisa ser dotado de boa memória, quando cansa, inconscientemente se deixa descobrir. Estes causam as maiores comoções.

sexta-feira, 27 de março de 2009

As Cores da Imprensa

Constitui falta gravíssima generalizar opiniões e críticas, sob pena de incorrer em não perdoável injustiça. Premissa posta, o que escrevo agora não se trata de generalização, sim de fundamentação empírica; salvo o objeto pertencer à espécie extra-terrestre, no que piamente acredito.
Imprensa livre é uma alusão à mais utópica das falácias. O poder que a imprensa tem é, assim como o dos políticos, repleto de interesses próprios e igualmente camuflado por uma capa interna de gordura constituída por fétida pseudo-ética, ao que externamente borrifada com o perfume da credibilidade.
Existem somente dois tipos de imprensa; a marrom e a cianótica, o que as distingue é meramente o tipo de mídia utilizada, uma escrita e a outra televisiva, respectivamente. A tendenciosidade é o ingrediente comum e essencial à existência das duas; tomam posse da representação concedida pela massa aos políticos, e associam-se a estes na imprestável missão de dominar a opinião pública; e o fazem com destreza e maestria, manipulando as mais variadas situações em nome da “informação”.
Repórteres de rua e âncoras de telejornais se acham tão investidos de autoridade quanto de imunidade, se vêem dotados de certo tipo de poder de polícia adquirido com um simples diploma de bacharelado em jornalismo. Se degladiam por um “furo de reportagem”, apelido mais chique para o mau e velho mexerico.
Uma coisa é inegável: se valem com rara competência da mais bizarra atração humana, o estranho prazer que se tem em contemplar a tragédia alheia.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Não & Sim

Entre o sim e o não,
numa dúvida para o coração,
existe o talvez,
que nem sempre tem vez,
e mostra uma dúvida,
nem sempre devida...
Se achamos a vida uma beleza,
sempre teremos uma certeza...
Se queremos uma continuação,
sempre teremos a emoção
bem vivida dentro de nós...
Não podemos nos atar aos nós
de uma dúvida incerta,
mas sim decidirmos pela coisa certa...
Por vezes, um não,
será para a vida uma negação...
Será bem melhor, assim,
por uma questão de outrossim,
optar por um seguro SIM...
Ame o seu SIM.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Inspiração


Já se ouviu de muito artista notório que acontecem intuições repentinas, as chamadas inspirações; como se a ideia da obra de arte, do poema ou da música, caísse do céu como um raio de graça. Na verdade, a fantasia do bom artista ou pensador produz continuamente, sejam coisas boas, medíocres ou ruins, mas o seu julgamento altamente aguçado e exercitado, rejeita, seleciona, combina.
Grandes gênios das artes são incansáveis trabalhadores, não apenas no inventar, mas também no rejeitar, eleger, remodelar e reordenar, o que não constitui incompetência e sim cuidado.
Quando a energia produtiva foi represada durante certo tempo e impedida de fluir por algum obstáculo, ocorre enfim uma súbita efusão, como se houvesse uma inspiração imediata sem trabalho interior precedente, ou seja, um milagre. O capital apenas se acumulou, não caiu do céu.
Aliás, há uma inspiração aparente desse tipo também em outros domínios, como por exemplo, no da bondade, da virtude e do vício; este último merecedor de incansável vigilância.

terça-feira, 24 de março de 2009

Um Olhar

Um dos principais meios de aliviar a vida é idealizar todos os seus eventos; mas é preciso obtermos da pintura uma noção clara do que é idealizar.
O pintor solicita que o expectador não olhe de maneira demasiado aguda e precisa, ele obriga a recuar uma certa distância para olhar; ele tem de pressupor um afastamento bem determinado do observador em relação ao quadro; deve até mesmo presumir, em seu espectador, um grau igualmente determinado de agudeza do olhar; em tais coisas ele não pode absolutamente hesitar.
Portanto quem quiser idealizar sua vida não deve querer vê-la com demasiada precisão, deve-se sempre remeter o olhar para uma certa distância.
Há o enorme risco de se perder o contexto quando se olha muito de perto, os detalhes tomam proporções que as vezes não queremos realmente enxergar.

sábado, 21 de março de 2009

Nove Dedos

O que escrevo agora foi inspirado por meu querido amigo Erasmo Costa quando publicou o post entitulado “Nada mais profícuo” em seu Hiper-criativo e por mim altamente recomendado Blog.
O caráter demagógico e a intenção de influir sobre as massas são comuns a todos os partidos políticos e em especial ao essencialmente fisiologista partido de nosso estadista, semi-alfabetizado, porém diplomado com o aval da massa, o também conhecido como Nove-dedos. Por causa dessa intenção, todos são obrigados a transformar seus princípios em grandes afrescos de estupidez, pintando-os nas paredes.
Nisso já não há o que fazer, é inútil erguer, sem ironia, um só dedo contra isso; pois nesse âmbito, vale o que afirmou Voltaire: “Quando o populacho se mete a raciocinar, tudo está perdido”.
Nove-dedos e sua mão canhestra é produto deste nefasto raciocínio, haja visto o patamar de sua popularidade.
Se houvesse a possibilidade de dizer alguma coisa a Voltaire, diria:
- Sabes o que dizes.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Imaginação e Intelecto


Já estava desligando meu computador quando lembrei de um insight que tive hoje cedo tratando de que a idolatria que as mulheres têm pelo amor é, no fundo e originalmente, uma inversão da inteligência, na medida em que, através das idealizações do amor, elas aumentam seu poder e se apresentam mais desejáveis aos olhos dos homens. Mas, tendo se habituado a essa superestimação do amor durante séculos, aconteceu que elas caíram na própria rede e esqueceram de tal origem. Hoje elas são mais iludidas que os homens, e por isso sofrem mais com a desilusão que quase inevitavelmente ocorre na vida de toda mulher – desde que ela tenha imaginação e intelecto bastantes para ser iludida e desiludida.

Solidão e Amigos

Existem pessoas tão habituadas a estar sós consigo mesmas, que não se comparam absolutamente com as outras, mas, com disposição alegre e serena, em boas conversas consigo e até mesmo sorrisos, continuam tecendo sua vida-monólogo. Se as levamos a se comparar com outras, tendem a uma cismadora subestimação de si mesmas: de modo que devem ser obrigadas a reaprender com os outros uma opinião boa e justa sobre si: e também dessa opinião aprendida vão querer deduzir e rebaixar alguma coisa.
- Portanto, devemos conceder a certos indivíduos a sua solidão e não ser tolos a ponto de lastimá-los, como frequentemente sucede.
Tenho amigos com os quais partilho vários de meus melhores momentos, sou sempre afetado por eles e procuro afetá-los com aquilo que há de melhor em mim.

Sobre estes amigos, digo que é belo guardar silêncio juntos e ainda mais belo sorrir juntos

– Se fiz bem, vamos manter silêncio;

Se fiz mal – vamos rir então e fazer sempre pior, fazendo pior e rindo mais alto.

Até perecermos...

O Novo


Quem realmente quiser conhecer algo novo, seja uma pessoa, um livro ou uma instituição, fará bem em receber esta novidade com todo o amor possível, e rapidamente desviar os olhos e mesmo esquecer tudo o que há de hostil, desagradável, falso: de modo a dar ao autor de um livro, por exemplo, uma boa vantagem inicial, e, como se estivesse em uma corrida, desejar ardentemente que ele atinja sua meta.
Pois assim penetramos até o coração, até o centro motor da coisa nova. O que significa justamente conhecê-la. Se alcançamos este ponto, a razão pode fazer suas restrições; a superestimação, a desativação temporária do pêndulo crítico, foi somente um artifício para fazer aparecer a alma de uma coisa.
Em contrapartida, se pensamos bem demais ou mal demais das coisas, sempre temos a vantagem de colher uma satisfação superior: com uma opinião preconcebida que é boa demais, geralmente introduzimos nas coisas e vivências mais doçura do que elas realmente contêm.
Uma opinião preconcebida que é ruim demais produz uma decepção agradável: o que havia de agradável nas coisas é aumentado pelo agradável da surpresa.
- Mas um temperamento sombrio terá a experiência inversa em ambos os casos.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Pobres e Ricos

Quando um rico toma do pobre um bem, nasce no pobre um erro; ele pensa que aquele tem de ser totalmente celerado para tomar dele o pouco que tem. Mas aquele não sente tão profundamente o valor de um único bem, porque está habituado a ter muitos; assim não pode se pôr na alma do pobre e está longe de fazer tanta injustiça quanto este acredita.

Ambos têm um do outro, uma falsa representação.

Causa e efeito são cercados por grupos de sentimento e de pensamento inteiramente diferentes; e no entanto se pressupõe involuntariamente que o que age e o que sofre pensam e sentem igual, e, em conformidade com esse pressuposto, se mede a culpa de um segundo a dor do outro.

Os sem-teto da nova América experimentam agora a outra face da moeda.

terça-feira, 10 de março de 2009

O Eterno e a Felicidade

A grande busca humana desde sempre é por alcançar o estado de felicidade, mas o conceito se torna efêmero dada a diversidade de anseios que supostamente conduziriam o indivíduo ao almejado nirvana holístico.
Não me furto a associar felicidade com o eterno, mesmo que não vislumbre a fusão de ambos. O eterno, ao contrário do que imaginava, não é a contagem infinita de tempo, mas a ausência desta contagem. Seria como um congelamento de tempo, espaço e respiração sem que fizessem falta. A felicidade é a satisfação homeostática empírica, é experimentar um prazer equilibrado, assim, como citei no início, é um estado. Ninguém é feliz, apenas está feliz. Imagine viver dois dias seguidos sentindo um orgasmo ininterrupto... estando nós sob a ação do tempo, seria morte na certa, algo como matar a galinha dos ovos de ouro.
A felicidade, portanto é momentânea e pragmaticamente diluída em situações variadas e alternadas. Costumo dizer que se pode também medir a felicidade pelo número de vezes que dizemos “obrigado”, a cada vez que pronuncio esta palavra, alguém me proporcionou prazer e um momento feliz. O conjunto destas situações dá a medida do quanto se é feliz.

Felicidade plena e invariavel somente quando o Absoluto estabelecer o eterno.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Rainhas Frustradas


Os queridos amigos que me perdoem, mas farei um gol contra nossa ereta, inabalável e nababesca classe masculina...
Sabe por que as mulheres, em sua esmagadora maioria, sofrem do incômodo, persistente e terrível mal do intestino preso, e os homens nem tomam conhecimento de que isso existe?
- É porque homens fazem tanta merda na vida, que quando chega a hora de reinar em seu trono branco, já têm teoria, prática e diploma.
Amigas, se não receber ao menos uns 100 comentários dando conta de que sou a exceção à esta regra passarei o restante do ano a escrever a respeito das qualidades masculinas e defeitos femininos.
Fica aqui minha solidariedade com quem não consegue mas deseja diariamente ser rainha.

Legítima Minoria

Em algumas semanas entrará em votação na pizzaria federal um projeto que destina, pasmem, 50% das vagas nas Universidades Federais a negros, pardos e índios. Algum incauto pode inferir que é uma medida bastante nobre, já que se trata de uma minoria desassistida, pobre e sem oportunidades na vida, somando-se ao fato de que hoje, nas universidades federais só entra quem é rico, está feita a justiça.
Para começar a brincadeira, aqueles não são a minoria, ou será que fugi da aula de geografia e o Brasil é um país Escandinavo? Numa república absolutamente desprovida daquilo que pode chamar de princípios ético-morais, onde impropérios são cometidos por governantes legitimados por eleitores que furam filas, é politicamente correto defender supostas minorias que se valem de causas sociais que, de beneficentes só têm a fachada. Leia-se: 1)MST e sua luta para conseguir fazendas de graça, qual de nós meros assalariados tem a cara-de-pau de invadir a casa de outrem com a falácia de que a casa está vazia? Vou criar o MSF, Movimento dos Sem Ferrari, afinal preciso chegar ao meu trabalho mais rapidamente. 2) Negros/pardos e sua Universidade Federal garantida, o critério de entrada em qualquer instituição de ensino não deveria ser o de nível de conhecimento adquirido em toda a vida acadêmica pregressa? Cor de pele não determina sucesso, pergunta como o Joaquim Benedito Barbosa se tornou Ministro da mais alta corte deste país. 3) Mulheres: São minoria, sexo frágil, indefesas, ganham menos. Todas as afirmativas estão absolutamente incorretas. As adoradas mulheres, são a maioria, de frágil não têm nada, 100% guerreiras e estão no mais alto comando de algumas das principais empresas deste país.
O que está errado, então? Tudo se resume em uma simples palavra: ESFORÇO. É o que menos o brasileiro quer fazer. Não importa se o indivíduo é branco ou negro, homem ou mulher, rico ou pobre, só alcançará o sucesso se dispuser de altíssima dose interna de autodeterminação associada a dedicação e esforço, caso contrario patinará eternamente na luta das minorias.
Os esforçados, a legítima minoria brasileira.

sábado, 7 de março de 2009

Mulher...

É ser tudo, condensado em delicados frascos de poesia;
É tão confusa e tão bela;
É ambicionar o mar, e navegar infinitamente sem fronteiras;
É tão letal e tão boa;
É ser poesia ao acaso, e ser amante dos ventos de outro mar;
É sorrir nas horas tristes e chorar nas alegres só pra dar o que falar;
É ser nebulosa e invencível sob a luz na escuridão;
É tão graciosa e tão ágil que foge ao verso dos homens;
Mas sua força é total:
Quando ela fala, o céu pára
Pra ouvir sua voz de cristal,
E nada aqui se compara
Nem mesmo a rima mais rara
Ao seu sorrir divinal...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Dedo no Nariz

Ontem fiquei preso por 2 horas num engarrafamento gigantesco na pista que dá acesso ao cruzamento da L Norte com a Samambaia. No início fiquei nervoso, mas como não havia saída mesmo, relaxei e resolvi transformar aqueles momentos perdidos em algo que pudesse render algumas conclusões. Dediquei-me a observar as figuras caricatas que compartilhavam comigo daquele suplício.

Foi instigador e hilário. Por que os motoristas enfiam o dedo no nariz quando estão parados no trânsito? As mulheres que tanto reclamam dos maus hábitos masculinos são as primeiras que se poem a explorar as próprias cavidades nasais... Acho que as unhas bem feitas favorecem a caçada. Nem quero imaginar para onde vai o produto desta exploração digital.

Brasília está realmente entrando para o rol das cidades intransitaveis, a culpa é do Lula que favoreceu os financiamentos de automóveis com prestações a perder de vista. É cada carrão circulando na periferia que dá até medo. O cidadão não tem nem onde morar, paga aluguel, compra só o básico para a casa, mas anda numa verdadeira máquina de luxo. Enfiando o dedo no nariz no engarrafamento.

Também pude contemplar aqueles que sofrem de um mal que denomino como SFM, a saber: Síndrome do Falus Minimus... É fácil identificar quem sofre disso. é aquele cidadão que rebaixa o carro, instala um som mais caro que o próprio automóvel, liga no volume máximo, se diverte disparando os alarmes dos outros carros só com os graves, enche o carro de amigos homens, claro, com direito a luz interna neon azul, que coisa mais gay... Funciona assim, o cara tem um pinto pequeno e compensa (psicologicamente falando) com um som bem grande. Clássico. Enfiando o dedo no nariz no engarrafamento.

Já que estava todo mundo enfiando o dedo no nariz, lá fui eu também.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Um Vinho Diferenciado

O vinho das bodas de Caná (João 2:10)
era um assemblage Syrah/Merlot Safra 30 dC.
Violeta, límpido, transparente, brilho intenso e escorregadio. Olfativo de excelente qualidade e intenso. Agradável e frutado. Aroma inicial de café, logo após de frutas vermelhas, toques de caramelo, folhas secas e couro. Fruta persistente com aromas de framboesa, madeira integrada e geléia de uva. Gustativo de altíssima qualidade e intenso. Ótima persistencia. Na boca apresentou notas herbáceas e toques de frutas vermelhas. Amargor suave lembrando as nuvens, álcool quente, acidez adequada. Pouco encorpado e absolutamente equilibrado. Macio e com taninos fracos.

terça-feira, 3 de março de 2009

Mais Paixão que Amor...

Paixão é... a alucinação amorosa.
E os apaixonados são de duas espécies:
Os generosos, que se dão inteiramente, se jogando nas mãos do outro
e os possessivos, que querem que o outro se incorpore a eles convertidos em sombra viva.

Mas talvez haja um terceiro tipo: o dos que não se apaixonam, mas despertam paixões.
Na impossibilidade ou no medo de se apaixonar, posto que paixão é abismo, alimentam-se da paixão alheia, ou melhor, incentivam a paixão em torno para preencher algo em si.

Paixão, por isso é arma de dois ou três gumes.
Corta. E sangra.
Se não sangrou, se não teve insônia, se não desesperou, se não ficou com a alma dependurada num fio de telefone, se não ficou exposto na úmida espera, paixão não era.

Talvez fosse desejo, que o desejo é diferente.
No desejo a gente quer o outro para possuí-lo apenas passageiramente.
É como se fosse um apetite despertado por um fruto ou alguma comida saborosa que saliva nossos sentidos. É como se fosse possuir um objeto na vitrine.
É um desejo de posse natural, estético, erótico, mas sendo mais desejo que qualquer outra coisa. Isto vai passar. E passa.

Na paixão, não.
Na paixão, a gente quer fundir com o outro. Para sempre.
De corpo e alma. Perde totalmente o centro de gravidade.

Transfere a moradia de seu ser para a casa do alheio.
É como se vestisse a pele do outro.
E se o outro disser assim:
"Vai ali buscar aquela estrela ou mesmo a Lua", se o outro disser isto, a gente vai, sem pensar, buscar o que ela quer.

E se o outro disser:
"Não estou gostando de seu nariz", a gente opera, corta, joga fora, não só o nariz, mas qualquer outra coisa, porque, nesse caso, qualquer palavra ou sugestão é ordem.

A paixão é boa? A paixão é ruim?
Ninguém sabe. Ela acontece. Como certas tempestades, ela acontece.
Assim como depois dos vendavais os elementos da natureza já não são os mesmos, ninguém será o que era depois do desvario da paixão. Vidas renascem com paixões. Outras viram cinzas por causa dela.

E há pessoas que são como aquela ave mística - a Fênix, vivem renascendo das cinzas da paixão.
Paixão é a revolução a dois. Ela desafia o sistema. Diante dela a comunidade fica abalada.
A paixão é anti-social e egoísta, no que é diferente do amor maduro, longo e duradouro, que fecunda a vida dos amantes e reforça os laços da comunidade.

Existe diferença entre amor e paixão?

No amor, claro que há luminosa coabitação. Mas o amor é também paciente construção.
Já a paixão é arrebatamento puro e aí a avidez é tão grande que pode tudo se esgotar de repente.

Quantas vezes se apaixona numa vida?
Há gente que vive inventando paixões para viver, que vive morrendo de amor.
E há gente que organiza toda sua vida em torno de uma única e consumidora paixão.
Paixão é transgressão. Quanto mais obstáculos inventarem, mais o apaixonado os saltará.

E o apaixonado não tem medo do ridículo.
O que lhe importa o mundo, se seu mundo é apenas o mundo da pessoa amada?
A paixão tem cor. Mais que vermelha e rubra, é roxa. Pressupõe morte e ressurreição.
De paixão vivemos muito.
De paixão morremos sempre.

Para começar

À medida que crescemos e somos expostos à complexidade de nosso mundo, a influência de fontes externas em nosso aprendizado fica cada vez maior, uma vez que a nossa experiência pessoal é naturalmente limitada e a aplicação de um raciocínio, a priori, fica relativamente restrita aos fenômenos que conhecemos com uma certa profundidade.

A essência do pensamento crítico consiste na habilidade de elaborar e entender um argumento lógico e - especialmente importante - reconhecer um argumento falho ou fraudulento. Não é uma questão de gostarmos ou não da conclusão que emerge de uma linha de raciocínio, mas sim se a conclusão realmente é resultado da premissa inicial e se esta premissa é válida.

Só existe uma verdade absoluta e esta é tão complexa que excede o tacanho, embora pretenciso, entendimento humano. Todos nós temos nossa verdade própria que serve como pilar da auto-existência intelectual, moral e espiritual. O senso crítico é uma ferramenta pouco utilizada, mas essencial para desenvolver a capacidade de alterar os rumos dessa verdade própria e promover uma real evolução intelectual.
 
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