sexta-feira, 17 de abril de 2009

Vinho x Vida

A fase da vida do vinho engarrafado é denominada como envelhecimento; é quando ele sofre certo tipo de redução, onde os tintos perdem cor e ganham complexidade e sedimentos, há também perda de tanicidade, acidez e os ácidos e álcoois interagem com o oxigênio e formam aldeídos e ésteres. Se o vinho for ‘de guarda’, tende a se harmonizar e resolver a complexidade com os anos, assim, quando jovem, um vinho com grande potencial de envelhecimento pode ser desagradável, com muito álcool, muito tanino mas com boa acidez.
O homem contemporâneo é múltiplo. Vive vários papéis, é um microcosmo de muitas vidas, cada uma seguindo seu próprio tempo, como cronogramas dos diversos projetos paralelos de sua vida. Tal realidade assemelha-se a um conjunto de garrafas em uma adega, cada uma em sua curva de evolução própria, o que nos dá a possibilidade de abrir estas cápsulas do tempo e vivenciar o gosto de um ano e um local.
Uma carta de vinhos pode ser vista como menu de tempo, e vai de encontro à outra característica do ser humano contemporâneo, o de ser um colecionador de sensações, um colecionador de porções de vida vivida.
Finalmente o vinho nos ensina uma noção de tempo que está se perdendo em nosso mundo imediatista. Desde a colheita até o envelhecimento em garrafa, a noção de causa e conseqüência se dilata e é posta em perspectiva.
Ao sacarmos a rolha, flagramos o resultado de uma extensa combinação de fatores, assim como uma vida que se desnuda ao decanter.

2 comentários:

  1. Bela comparação. Mas... quando é mesmo que sai aquela prometida degustação mesmo?
    Abraço!

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  2. Samuca...

    Tem um filme, que eu adoroooooo : SIDEWAYS - entre umas e outras.

    Quando vc disse sobre a colheita até o envelhecimento da garrafa, eu me lembrei de uma cena desse filme que tem a seguinte fala: "gosto de pensar na vida do vinho, gosto de pensar no que se passou, quando as uvas cresciam, como o sol brilhava, se choveu, gosto de pensar quem cuidou, quem colheu as uvas...Gosto do modo como o vinho continua evoluir. Se abrir uma garrafa hoje terá um gosto diferente de outro dia que eu abrisse. Porque uma garrafa de vinho está, de fato, viva e constantemente evoluindo e ganhando complexidade até chegar ao seu alge e, então, começa o seu contínuo e inevitável declínio. E tem um gosto bom demais!!!"

    Belle

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